A preservação da memória de um povo deve ser feita diariamente por cada um de nós, cada um alcançando aquilo que é possível, quer seja na preservação da história da família, que se dá pelo respeito aos mais velhos, na preservação da história da comunidade onde está inserido, da organização a que pertence ou, no caso do poder público, na preservação da história do município, através do respeito aos que construíram o que temos hoje.
Acredito que somente quem sabe de onde veio saberá para onde está indo e principalmente para onde vai, pois quando se tenta riscar o que está para trás, o que tende a ocorrer é o desrespeito, primeiramente com as com as pessoas que construíram a sociedade em que estamos inseridos e em seguida com as instituições, pois não podemos achar que desconstruindo e desrespeitando o passado com frases feitas tipo “isto nunca foi feito antes”, se tomará um rumo melhor. Se chegamos até aqui, é porque alguém lutou com todas as suas forças para tal, ou você acha que seus pais não se esforçaram para que você seja o que é hoje?
Decidi escrever sobre este assunto, por que ainda estou muito incomodado com um assunto que ganhou as manchetes na imprensa há alguns meses. Falo do caso das ossadas humanas encontradas em um loteamento que está sendo feito no Bairro Santa Luzia em Abelardo Luz, que foram encontradas aparentemente sepultadas quando uma máquina efetuava o corte de uma rua.
Pelo que foi levantado rapidamente, na história recente do município, não se tem notícia sobre cemitério naquele local e o que me intrigou demais, foi o fato das autoridades competentes, neste caso da Prefeitura Municipal, não darem nenhuma importância para o assunto, pois poderiam muito bem isolar o local e chamar historiadores e pesquisadores de alguma Universidade para melhor apurar o fato. O que foi visto foi exatamente o contrário, removeram rapidamente montanhas de terra, com ossos e vestígios e os depositaram de forma precária em local qualquer.
Naqueles dias, como muitos cidadãos fiquei muito curioso, e várias perguntas e suposições me vieram à mente... E se aquelas pessoas enterradas naquele local foram desbravadores portugueses ou espanhóis? Ou invasores de qualquer outra nacionalidade que foram massacrados aqui? Outra hipótese que levantei foi a de que tais indivíduos poderiam ter sido soldados da guerra do Contestado que ficaram guarnecendo a fronteira...Você não gostaria de saber que homens deram a vida para preservar as fronteira que hoje habitamos?? E se aquelas pessoas enterradas eram tropeiros que passavam pelo local? Morreram vítimas de moléstias ou de alguma forma de violência?
Parece romantismo piegas da minha parte, mas estas perguntas que ainda permeiam minha mente provavelmente foram formatadas pela educação e valores que recebi da minha família e na escola onde estudei, a do respeito pelos mais antigos, respeito pelas pessoas, que tem sentimentos e principalmente uma história construída pelos seus antepassados.
Se muitos empreendedores não tivessem vindo para cá com suas famílias nos anos 50, 60 e 70, oriundos principalmente do Rio Grande do Sul, desbravando lugares inóspitos a e desdobrando toras a machado para construir a casa para abrigar os seus, certamente não estaríamos aqui hoje, ou talvez o município não existisse! Digo isto por que em conversas com pessoas mais antigas do nosso município, tais passagens me foram relatadas com riqueza de detalhes...
E se o MST não tivesse organizado invasões de terras nos anos 80 e 90, onde outros empreendedores, vindos de vários municípios e também deste, não tivessem colocado suas famílias para morar diversos meses debaixo de lonas, em condições precárias, com o coração apertado, sem saber nem ter o destino da família nas mãos, também não tivessem vindo para cá, seríamos o que somos hoje?
Lembre-se que amanhã você será parte da história também e quem hoje não dá importância para o passado, provavelmente deixará este triste legado para as futuras gerações, não se importando pelos teus feitos de hoje, que sempre exigem o máximo de esforço de cada um de nós!
Acredite, somos o resultado de tudo aquilo que nos antecedeu e o futuro... o futuro pode até pertencer a Deus, mas será o resultado do que somos e construímos hoje!!
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